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Reabilitação do Hotel da Penha vai avançar

Reabilitação do Hotel da Penha vai avançar

A Mesa Gerente da Irmandade da Penha deliberou avançar com o projeto de reabilitação do Hotel da Penha, um imóvel de 1893 que, atualmente, apenas funciona como restaurante.

A Irmandade da Penha e a Câmara Municipal de Guimarães, nomeadamente, o Juiz da Irmandade, Roriz Mendes, e o Presidente da autarquia, Domingos Bragança, têm estado em permanente contacto no sentido de serem encontradas as melhores soluções para viabilizar a recuperação do imóvel.

“Sou uma pessoa de fé e sempre acreditei que com visão, vontade política e bom senso a situação se resolveria”, afirma Roriz Mendes.

Explicando que “apesar de existirem incongruências no PDM (numa das versões, por exemplo, o Parque Campismo surge como a única área de construção de equipamentos e infraestruturas)”, Roriz Mendes acredita que “finalmente teremos condições para salvaguardar o património, valorizar e aumentar a atratividade da centenária Estância Turística da Penha”.

Domingos Bragança, presidente da edilidade, em declarações ao Alto da Penha (02 de julho de 2024), considera que “a reabilitação do Hotel da Penha é muita necessária e urgente para a disponibilidade de permanência de quem nos visita, em ambiente religioso e de montanha. É ainda importante para a consolidação da estância da Penha como atração turística e de património natural, imprescindível para a afirmação de Guimarães como cidade que cuida do seu património e que promove a sua paisagem natural, neste caso, classificada como Património Nacional“.

O projeto de requalificação do Hotel da Penha, da autoria do Arq. Noé Diniz, prevê a manutenção da fachada, a demolição e a reconstrução do interior do Hotel e a colocação de uma nova cobertura que permite a utilização de mais quartos. De acordo com o conceituado arquiteto, em declarações prestadas recentemente, o projeto de intervenção no Hotel da Penha “pretende preservar a memória do Hotel”. “Quando estiver pronto, provavelmente, nem se irá notar que foi alterado. Toda a fachada do hotel será recuperada e o edifício irá manter a sua volumetria e o seu aspeto atual. Por dentro, não poderia sobreviver dadas as condicionantes que são necessárias para um equipamento daquela natureza”, esclareceu Noé Diniz em entrevista ao jornal “O Comércio de Guimarães”.

Recorde-se que o Presidente da Câmara Municipal de Guimarães já havia asseverado a importância da recuperação do Hotel da Penha, nomeadamente, na reunião do executivo municipal em que o projeto foi analisado (13 de abril de 2017) e no decurso da qual foi assumido dar seguimento a uma acessibilidade capaz de permitir libertar de trânsito automóvel, sempre que necessário, do núcleo central da montanha, com a criação das projetadas segunda e terceira fases da via estruturante, entre a zona vulgarmente conhecida por “curva da morte” e a rotunda da Penha em direção à Lapinha. “É uma pretensão antiga e ficamos de trabalhar essa ligação que será em pavimento de paralelo e muros de pedra”, precisou na altura o autarca.

A Irmandade da Penha prossegue, entretanto, com diversas iniciativas de manutenção, recuperação e valorização da Penha, classificada como Estância Turística em 5 de junho de 1923, pelo então Ministro do Comércio e Comunicações (João Vaz Guedes).

O NOVO GRANDE HOTEL DA PENHA

A reabilitação do Hotel da Penha está a cargo de Noé Diniz. O arquiteto portuense apaixonou-se pela montanha há cerca de quarenta anos. A partir daí, todas as intervenções ali executadas têm o seu traço. Seguem, quase sempre, por um lado, a lógica da morfologia do espaço oferecido pela natureza, interligando-se, por outro lado, com as linguagens dos interventores passados, num jogo em que a imaginação presente tenta alinhar com as ideias preexistentes. É o que ocorre, por exemplo, com a igreja do arquiteto Marques da Silva, obra que marca e estabelece limites de intervenção numa vasta área.

No projeto de requalificação, Noé Diniz seguirá as linhas mestras do arquiteto Raul Lino, autor do desenho original. A “intervenção pretende preservar a memória do Hotel”, refere. Não tem dúvidas que “quando estiver pronto não se irá notar que foi alterado”. As alterações dar-se-ão mais ao nível do interior e da reorganização dos espaços. 

Destaca-se a orientação do hotel para o campo do turismo de saúde e bem-estar, passando a funcionar com um SPA. Uma sala de eventos pretende recuperar a memória da realização dos eventos ritualísticos e festivos, como casamentos e batizados. O hotel que perseguirá as quatro estrelas, explorará também a natureza ambiental e local de “bons ares” que caracterizou a procura durante longos anos no passado. A sala de conferências constituirá um espaço capacitado para o campo da cultura.

Já o espaço exterior contará com uma piscina e área social voltada para a cidade. “Toda a fachada do hotel será recuperada e o edifício irá manter a sua volumetria e o seu aspeto atual, afirma Noé Diniz. Uma mansarda ajudará a aproveitar o pé direito bastante alto do edifício e a deslocar os quartos para o primeiro e segundo andar. No interior, nada “poderia sobreviver dadas as condicionantes que são necessárias para um equipamento daquela natureza”. Só mesmo as paredes exteriores se manterão.

O hotel da Penha tem uma significância extraordinária no imaginário da hotelaria vimaranense. A raiz popular fez da Casa do Despacho e da Arrecadação das Alfaias uma ideia de hotel. Gerida pela popular Ludovina arrecadava corpos também. Construído em 1823, o único espaço da Penha para receber estrangeiros era considerado uma vergonha sendo denunciada pela imprensa da época. Em 1923, logo após a tomada de posse, a Comissão de Iniciativa intimou a Irmandade a proceder à “reedificação da casa do hotel”. Embora estivesse planeado um Grande Hotel, Casino e Salão de Chá, a crise financeira limitou os anseios a Irmandade optou por uma edificação sem exuberâncias. Nasceu então o existente hotel de 21 quartos e um restaurante com uma vista deslumbrante sobre a cidade de Guimarães.

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